GRANDE LIBERTAÇÃO

Padmasambhava, ou Guru Rinpoche  

Todos os fenômenos são [no nível absoluto] sem essência, vazios e livres de elaborações conceituais.
Em sua dinâmica, se parecem com uma ilusão, miragem, sonho, ou imagem refletida,
uma cidade celestial, um eco, um reflexo da lua na água, uma bolha, uma ilusão de ótica, ou uma emanação intangível.
Você deveria saber que todas as coisas da existência cíclica e do nirvana
concordam em natureza com esses dez exemplos de fenômenos ilusórios.

Todos os fenômenos são naturalmente não-criados.
Eles nem permanecem nem cessam, nem vem nem vão.
São ausentes de referência objetiva, sem marcas, inefáveis e livres do pensamento.
Chegou a hora dessa verdade ser compreendida!

Saudação aos mestres espirituais!
Saudação às deidades de meditação!
Saudação às dakinis!

Oh! Ah! Como necessitam de compaixão esses seres vivos, torturados por suas ações passadas,
que estão se afogando nesse abismo profundo, o agitado mar de suas ações passadas!
Assim é a natureza da flutuante existência cíclica!
Concedam suas bençãos, para que este oceano de sofrimento acabe seco!

Como necessitam de compaixão aqueles que não têm habilidade,
aqueles que são torturados pela ignorância e as ações passadas,
que se engajam em ações que levam ao sofrimento –
embora desejem a felicidade!
Concedam suas bençãos, para que o obscurecimento de estados mentais desarmônicos e as ações passadas possam ser purificados!

Como necessitam de compaixão os ignorantes e iludidos,
amarrados a essa masmorra do apego egoísta e à dualidade sujeito-objeto,
que, como num jogo selvagem, caem nessa armadilha, vez após vez!
Concedam suas bençãos, para que a existência cíclica seja liberada à partir das profundezas.

“Grande Liberação pela Audição nos Estados Intermediários”, de Padmasambhava
Cap. 1 – “Liberação Natural da Natureza da Mente: As Quatro Sessões de Yoga da Prática Preliminar”
(trecho da primeira versão completa em inglês do “Livro Tibetano dos Mortos”)