Jesus era na época considerado um perigoso socialista, que tentava
igualar os homens, nivelar as fortunas e reduzir os poderes do mundo,
que ousava pregar o amor para com o inimigo e o perdão para o algoz.
Era um líder poderoso, excêntrico e ao mesmo tempo humilde, galvanizava
os ouvintes pelos seus planos corajosos, pregando a reforma do mundo
material, mas, em seguida, advertia que o seu "reino não era deste mundo
"! Homem inteligente, hábil psicólogo e orador eloqüente, não fazia
conluios com os maiorais do mundo; verberava o pecado, mas perdoava
o pecador, revolucionava as massas contra a exploração da ganância
humana, mas proibia qualquer violência, desforra ou derramamento de sangue.
Enfim, pensavam os sacerdotes do Sinédrio, onde pretendia
chegar esse homem que impressionava e captava a simpatia das
multidões, dispondo-as a segui-lo por toda parte? Qual a sua intenção
e o que pretendia, verberando as tradições conservadoras do mundo?
A verdade é que quando o corpo de Jesus estremeceu na cruz, algumas
cortinas de seda se fecharam apressadamente para o drama do Calvário,
o qual, na verdade, fora planejado sobre o luxo dos tapetes de
veludo e ante o tilintar de taças de cristal. Jesus, homem perigoso e
portador de idéias socialistas avançadas, havia sido finalmente
eliminado do cenário terreno, cuja presença destemida e honesta era
incomodativa e prejudicial aos interesses dos
fartos, avarentos e exploradores da miséria humana.
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